No primeiro dia do ano, 303 judeus falashas foram resgatados da Etiópia em nova fase da operação “Rocha de Israel”.
Por David Aghiarian, Unidos com Israel
Tel Aviv, 3/01/2021
Os festejos de ano novo não impediram o governo israelense de dar continuidade à operação “Rocha de Israel” e no primeiro dia de 2021, um grupo de 303 judeus falashas partiu de Adis Abeba na Etiópia, com destino a Tel Aviv.
O avião trazendo o primeiro grupo de olim chadashim de 2021 pousou na madrugada de quinta-feira para sexta-feira no aeroporto internacional Ben Gurion, o principal de Israel. Entre os imigrantes e mais novos cidadãos israelenses estão 61 crianças etíopes, integrantes da comunidade Beta Israel.
“Eu sinto uma alegria muito grande ao começar o ano de 2021 desta maneira”, disse a Ministra a Imigração e Absorção Pnina Tamano-Shata, ao receber o grupo ainda na pista do aeroporto Ben Gurion.
Membro da comunidade etíope, a ministra Tamano-Shata nasceu na vila de Wuzaba na Etiópia e imigrou para Israel com sua família aos três anos de idade, durante a operação Moisés.
Posted by פנינה תמנו שטה Pnina Tamano Shata on Thursday, December 31, 2020
Pnina Tamano-Shata (à esquerda) recebe os novos olim chadashim da Etiópia.
Aprovada no ano passado pelo governo israelense, a operação “Rocha de Israel” resgatou 931 judeus falashas durante o curso de 2020. Ao todo, o plano prevê o resgate de 2.000 judeus etíopes e deve ser concluído até o final deste mês.
Durante sua visita à Etiópia em dezembro do ano passado, a ministra israelense disse haver se emocionado com as condições nas quais vivem os judeus que ainda vivem no país africano. Segundo ela, estas se agravaram em função da pandemia do coronavírus.
“Eles vivem assombrados pela subnutrição, com o mínimo e muitas dificuldades. Vivem em barracos de madeira, barracos de argila, literalmente esperando pela oportunidade de imigrar. As imagens não são bonitas”, disse ela.
Posted by פנינה תמנו שטה Pnina Tamano Shata on Wednesday, December 2, 2020
Pnina Tamano-Shata em um campo de refugiados judeus na Etiópia em dezembro do ano passado.
Na ocasião, Pnina Tamano-Shata disse que foi muito importante para os membros da comunidade Beta Israel verem uma mulher da comunidade etíope integrando o governo e representando o Estado de Israel.
“É difícil descrever os olhares repletos de dor e ao mesmo tempo esperança”, disse Pnina ao prometer trabalhar para que todos aqueles que esperam pela oportunidade de imigrar possam finalmente, “realizar o sonho de Israel, realizar o sonho de Jerusalém”.
Aproximadamente 13.000 judeus falashas ainda vivem na Etiópia, em campos de refugiados situados nas cidades de Adis Abeba e Gondar.
A comunidade Beta Israel
Até serem descobertos por um grupo de missionários no ano de 1860, os Falashas, chamados também de Beta Israel, acreditavam ser os últimos judeus do mundo.
Anos depois, fascinado com a possibilidade de encontrar os falashas, o historiador Joseph Halevi decidiu procurar os “judeus negros da etiópia”. Halevy foi recebido com desconfiança por aqueles que nunca haviam visto um judeu branco.
Além da teoria de que sejam descendentes do Rei Salomão e da Rainha de Sabá, é possível que os judeus da Etiópia tenham fugido para o país africano após a destruição do Segundo Templo de Jerusalém.
Por séculos isolados do resto do mundo e sem contato algum com o judaísmo praticado na Europa e nos países árabes, os falashas tinham seus próprios costumes e tradições. Quando foram encontrados, guardavam o shabat e praticavam uma versão ainda bíblica e intocada do judaísmo.
Desde os anos 80, governos israelenses adotam medidas para repatriar os judeus da Etiópia. Entre as operações mais famosas estão a Operação Moisés e Operação Salomão que em menos de 24h, resgatou 14.300 judeus falashas.
Coordenada pelo serviço secreto israelense a Operação Moisés por sua vez, resgatou e repatriou 14.000 judeus falashas. Refugiados no Sudão e fugindo da guerra civil na Etiópia estes judeus foram trazidos para a terra de Israel através de um resort de fachada mantido na costa sudanesa. Esta audaciosa operação inspirou o filme “Missão no Mar Vermelho” que pode ser visto no Netflix.