Historicamente, falácia antissemita de que os judeus matam crianças é sempre feita próximo à Páscoa judaica.


Por David Aghiarian, Unidos com Israel

Tel Aviv, 21/03/2021

 

O Presidente Nacional do PTB, Roberto Jefferson, está sendo acusado de antissemitismo pela Confederação Israelita do Brasil (CONIB) e pela Juventude Judaica Organizada (JJO). No último sábado (20), Jefferson escreveu nas redes sociais que os judeus praticam o infanticídio.

 

Roberto Jefferson é o denunciado de hoje por prática de antissemitismo.

Parece que as pessoas não aprenderam ou não…

Posted by Juventude Judaica Organizada on Saturday, March 20, 2021

 

“Baal, deidade satânica, caananitas e judeus sacrificavam crianças para receber sua simpatia. Hoje, a história de repete”, escreveu Roberto Jefferson em um post publicado em sua conta no Instagram e apagado posteriormente.

A falácia antissemita de que os judeus assassinam crianças não é uma novidade e tem suas origens ainda na Grécia antiga, nos textos de Apião. Conhecidas como Libelos de Sangue estas alegações vis, infundadas e mentirosas foram instrumentos historicamente usados para estimular a perseguição e o massacre de milhares de judeus através dos séculos.

Tradicionalmente a alegação falaciosa de que os judeus assassinam crianças sempre vem à tona às vésperas de Pessach, a Páscoa judaica, que será celebrada a partir do próximo dia 26. Desde a Idade Média e principalmente na Europa, a igreja católica, ortodoxa e grupos antissemitas acusam os judeus de usarem o sangue de crianças cristãs na fabricação da Matzá, o pão ázimo.

A fabulação antissemita de que os judeus assassinam crianças próximo à festa de Pessach já teve tanto prestígio que no século XVIII foi ela a responsável pela canonização de um dos muitos santos da Igreja Ortodoxa Russa.  De acordo com o Patriarcado de Moscou, São Gabriel de Bialystok, venerado até os dias de hoje, era uma criança de 6 anos do vilarejo de Zwierki que fora assassinada por um judeu durante a festa de Pessach.

Diferente da Igreja Católica Romana, que já renunciou ao discurso conspiratório antissemita, a Igreja Ortodoxa infelizmente defende até os dias de hoje a canonização de São Gabriel de Bialystok. Assim, em pleno século XXI, mantém vivo este Libelo de Sangue.

Através de uma nota, a CONIB disse que irá “preparar uma notícia-crime contra o Sr. Roberto Jefferson, Presidente Nacional do PTB, que divulgou em seu perfil no Instagram mensagem abertamente antissemita evocando uma das formas mais vis de atacar os judeus, o infanticídio”. De acordo com a instituição, a postagem pode ser qualificada como crime de racismo.

“Todo crime de racismo é repugnante e deve ser punido com o máximo rigor da lei. A história já nos mostrou, da forma mais dura e bárbara, como o racismo e o discurso de ódio são responsáveis pelos episódios mais terríveis da humanidade”, diz a nota publicada pela Conferação Israelita do Brasil.

Em um post publicado nas redes sociais, a Juventude Judaica Organizada (JJO) chama a atenção para o descaso com a luta contra o antissemitismo. De acordo com a instituição a denúncia contra Roberto Jefferson não pode ser qualificada como “vitimismo, mimimi ou exagero” pois historicamente, assim “começaram as maiores perseguições e violência contra judeus”.

“Já passamos por muita coisa e estamos aqui! Não vamos nos calar mais e muito menos deixar passar ataques com mentiras sobre judeus”, diz um post da JJO que exige um pedido de desculpas de Roberto Jefferson.