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Detalhes ocultos da história de Purim

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Hamantashen, the most famous Purim treat. (Shutterstock)

Esta noite os judeus de todo o mundo celebrarão Purim. Esta é a festa do calendário judaico que nos faz recordar a milagrosa vitória do povo judeu sobre o antissemitismo

Por: Rabino Yossef Bitton

 

Pra resumir, a história é assim: o Primeiro-ministro do Império Persa, Haman (Hamã), sancionou um decreto que encorajava que todo e qualquer cidadão saísse as ruas à caça de judeus. O decreto estabelecia que a caça aos judeus aconteceria no dia 14 de Adar (mês do calendário judaico). Os que conseguissem assassinar um judeu e sua família teriam direito aos seus bens e pertences. Somente a intervenção da Imperatriz Ester e de seu tio Mordechai junto ao Imperador Achashverosh (Xerxes I), fez com que o decreto fosse abolido. Haman e seus filhos foram então sentenciados à pena de morte e o povo de Israel recorda que neste dia o bem venceu o mau.

Os eventos de Purim não são uma fábula. São fatos históricos registrados no Livro de Ester, um dos livros do Velho Testamento. O livro de Ester é lido pelos judeus duas vezes durante Purim com o objetivo de transmitir de geração em geração, a história do nosso povo.

Para entendermos um pouco mais sobre essa história dramática e a magnitude do genocídio evitado, apresento abaixo, um breve relato sobre este tão importante livro.

Depois de escapar do Egito, o povo judeu viveu por aproximadamente 800 anos como um povo soberano na Terra de Israel. No ano de 586 a.C., o Imperador da Babilônia, Nabucodonosor conquistou e destruiu Jerusalém. Milhares de judeus morreram vítimas da fome, doenças ou mesmo vítimas de homicídios. O Grande Templo foi destruído e aproximadamente 70.000 judeus foram levados como prisioneiros para a Babilônia.

Ciro, O grande, Rei de Anxam (Koresh em hebraico) derrotou e conquistou o Império da Babilônia, tornando-se o primeiro monarca do Império Persa.

No ano 538 a.C. um milagre aconteceu, o Imperador Ciro expediu um decreto que convidava e incentivava que todos os membros do povo judeu retornassem a Israel. O decreto permitia ainda que o Grande Templo fosse reconstruído.

Liderados por Zorobabel, milhares de judeus retornaram a Israel. A reconstrução do templo teve início 70 anos depois do exílio, assim como havia predito o profeta Jeremias. Com o tempo, a população cresceu e à época de Purim, aproximadamente 50.000 judeus habitavam a terra de Israel.

Mas, pra variar, nem todos os judeus voltaram a Israel. Muitos preferiram continuar a viver no exílio de forma voluntária. Para compreendermos o motivo que levou tantos judeus a permanecerem no exílio, temos que discorrer sobre a geografia e a história do Império Persa.

Durante o reinado de Achashverosh (484-465 a.C.), o Império Persa era vasto, um dos maiores impérios da história da humanidade. Estendia-se da Índia à Etiópia. A amplitude do império permitiu que os judeus, exímios comerciantes, implantassem uma rede de comércio internacional que se mostrou extremamente lucrativa. Há documentos e evidências que confirmam que judeus se espalharam pelos quatro cantos do Império Persa. Os judeus teriam chegado até a fronteira entre a Índia e a China.

Aproveitando-se do fato de que as rotas comerciais eram protegidas contra piratas e bandidos, os judeus estabeleceram uma rede de intercâmbio comercial entre a Indochina e o Ocidente. Através da “rota da seda”, protegida por guardas imperiais, judeus comercializavam todo tipo de mercadorias. Seda, ouro, especiarias, corantes, vidro, tudo era importado e exportado. O livro “O oitavo dia”, escrito pelo historiador Samuel Kurinsky, relata em detalhes como funcionavam as empresas implantadas pelos judeus no Império Persa.

Tendo se espalhado por todo o Império, os judeus conseguiram ter êxito em outra profissão além do comércio, eram banqueiros. Um carnê, recibo ou cobrança de um judeu turco por exemplo, poderia ser pago a um judeu da Índia.

Todos esses elementos são importantes para entendermos que o sucesso como comerciantes, desincentivou os judeus a abandonarem o Império Persa. Muitos optaram por não retornar a Israel em favor da riqueza. Contudo, vale destacar que os judeus do Império Persa eram importantes filantropos, enviavam generosas doações para o Grande Templo e para a comunidade judaica que vivia em Israel.

Dessa forma entendemos também porque Haman odiava tanto o povo judeu. Os judeus do Império Persa eram bem-sucedidos. Muitos os invejavam e almejavam tomar suas fortunas. O ódio de Haman era fruto de cobiça, inveja e ganância.

Felizmente para o povo judeu, Mordechai havia salvo a vida do Imperador. Depois de desvendar e expor um plano que tinha por objetivo assassinar Achashverosh, Mordechai caiu nas graças do Imperador. Sua sobrinha, Ester, havia se tornado Imperatriz da Pérsia. Ambos usaram todos os meios que dispunham para convencer o Imperador a abolir o perverso decreto e a penalizar o seu autor.

Dessa forma, graças a D’us, a Mordechai e a Ester o povo judeu foi novamente salvo. Graças a eles podemos comemorar Purim.

Ali Khamenei. (Office of the Iranian Supreme Leader via AP)

Mas não podemos esquecer dos muitos Hamans que hoje ainda vivem. Aiatolás, políticos, presidentes e Primeiros-ministros Persas, ou Iranianos para usarmos o termo atual, ainda pregam o extermínio de Israel. Por isso precisamos do seu apoio. Ajude-nos a escrever a história, seja o Mordechai moderno. Assim como Ester, defenda e lute pelo povo judeu e pelo Estado de Israel.

Purim Sameach!

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