Yair Lapid (GPO) Yair Lapid (GPO)

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Em seu primeiro discurso à nação no cargo de Primeiro-ministro Interino de Israel, Yair Lapid falou sobre os desafios de Jerusalém e apresentou ao mundo as diretrizes de seu governo.


Por Unidos com Israel

Tradução: David Aghiarian

 

Aproximadamente 48h após assumir interinamente o cargo de Primeiro-ministro de Israel, Yair Lapid fez na noite deste sábado, após o shabat, seu primeiro discurso à nação. Nele, Lapid falou sobre o que acredita, condenou a politização, defendeu a união e prometeu fazer o que for necessário para defender o Estado de Israel de seus inimigos.

 

Leia a íntegra do discurso do Primeiro-ministro de Israel, Yair Lapid:

 

“Eu quero começar agradecendo ao 13º Primeiro-ministro do Estado de Israel, Naftali Bennett, pela sua decência, amizade e por liderar, durante o último ano, o governo em direção a conquistas que não eram vistas há anos, nas áreas da economia e defesa. Agradeço especialmente por dar aos cidadãos de Israel a oportunidade de verem uma transação de governo feita de forma organizada, por pessoas capazes de cumprir acordos e que acreditam uns nos outros.

O Estado de Israel é maior do que todos nós e mais importante do que qualquer um de nós. Estava aqui antes de nós e aqui continuará existindo, muito depois de nós. Ele não nos pertence, mas àqueles que sonharam com ele durante milhares de anos em que estiveram na diáspora e àqueles que ainda não nasceram, às futuras gerações.

Para eles e para nós, temos de escolher o bem comum, que nos une. Sempre haverá desavenças, as perguntas são como as conduziremos e como garantiremos que estas não nos consumam.

As desavenças não são necessariamente algo ruim, desde que não coloquem em risco a estabilidade do governo ou causem danos à nossa resiliência. Devemos lembrar que todos temos um único objetivo: um Estado Judeu, democrático, liberal, forte, evoluído e próspero.

A grande verdade é que na maioria das importantes questões, nós acreditamos nas mesmas coisas.

Acreditamos que Israel é o lar nacional do povo judeu. Seu estabelecimento não começou em 1948, mas no dia em que Josué cruzou o rio Jordão e ligou o povo de Israel à terra de Israel. Uma ligação entre a nação judaica e seu lar.

Acreditamos que Israel tem de ser uma democracia liberal em que todos os seus cidadãos tenham o direito de trocar o governo e definir o curso de suas próprias vidas. Ninguém pode ter seus direitos fundamentais negados e são eles: o respeito, liberdade, liberdade de trabalho e o direito à segurança pessoal.

Acreditamos na preservação da nossa superioridade militar. Sem isso, não há segurança. Sou filho de um sobrevivente do Holocausto, de um garoto de 13 anos que os nazistas queriam matar e que não havia ninguém para defendê-lo. Nós garantiremos a nossa defesa e seremos os responsáveis por ela. Temos certeza de que sempre teremos as Forças de Defesa de Israel, um exército com capacidades incontestáveis e temido por nossos inimigos.

Em uma noite de inverno de 1944, no Gueto de Budapeste, minha avó chamou meu pai e disse: ‘meu filho, você não sabe disso, mas hoje é o seu Bar Mitzvá. Eu não tenho como assar um bolo para comemorá-lo e se pai não irá voltar’, meu avô morreu no campo de concentração de Mauthausen.

Minha avó então pegou um pequeno frasco de perfume Channel 5, comum às senhoras elegantes no período pré-guerra e que nunca saberemos como e por quanto tempo ela o havia guardado, o quebrou no chão e disse: ‘há uma coisa que eu posso fazer e ao menos o dia do Bar Mitzvá do meu filho não será fedido’.

Acreditamos que Israel é o Estado Judeu. Sua característica é ser judeu, sua identidade é judaica e suas relações com seus cidadãos que não são judeus também são judaicas, assim como estabelecido no livro de Levítico que diz: o estranho que habitar com você será como nascido entre vocês, e você o amará como a ti mesmo.

Acreditamos que desde que as necessidades de Israel na área da segurança sejam atendidas, Israel é um país que busca a paz. Israel estende a mão para todos os povos do Oriente Médio. Entre eles, os palestinos. Para eles dizemos: chegou a hora de vocês reconheceram que não sairemos daqui, temos de aprender a viver juntos.

Acreditamos que os Acordos de Abraão são uma graça divina e que exista uma grande benção nas oportunidades criadas para as áreas da defesa e economia com a Cúpula do Negev, junto aos Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Egito e Marrocos. Acreditamos também que os acordos que estão por vir também serão abençoados.

O povo de Israel não viverá só. É nossa função fortalecer nossa posição no cenário mundial, nutrir a relação com nosso maior aliado, os Estados Unidos, e guiar a comunidade internacional na batalha contra o antissemitismo e a deslegitimação do Estado de Israel.

Acreditamos que é função do governo defender a lei e que garantir a preservação das normas pelo governo seja função da legislação. A lei é o que nos protege da corrupção e violência. O tribunal é o que protege os fracos dos fortes. A lei é a base de nossas vidas, em conjunto.

Acreditamos que a economia israelense deve ser fundamentada por princípios de livre mercado, pela criatividade e dinamismo da tecnologia israelense. Acreditamos também que é nossa função proteger aqueles que não têm nada e fornecer oportunidades justas para cada uma de nossas crianças, em todos os lugares.

Acreditamos que o Irã seja principal ameaça enfrentada por Israel. Faremos o que for necessário para evitar que o Irã obtenha capacidade nuclear e para impedir seu estabelecimento e entrincheiramento em nossas fronteiras.

Neste momento, em frente a vocês, eu digo para todos aqueles que buscam nossa morte, em Gaza ou em Teerã, do Líbano à Síria: não teste nossa capacidade. Israel sabe usar a força contra tudo que a ameace e contra todos seus inimigos.

Acreditamos e rezamos pelo bem-estar e segurança de nossos policiais e soldados, no ar, mar e em terra. Como está escrito na oração pela segurança dos soldados das Forças de Defesa de Israel: que o todo poderoso faça com que inimigos que se levantam contra nós, sejam derrubados diante deles (dos nossos soldados). Não nos calaremos ou descansaremos até que nossos filhos sequestrados pelo Hamas sejam devolvidos. São eles: os corpos de Hadar Goldin e Oron Shaul, de abençoada memória, e Avera Manguisto e Hisham al-Sayed.

Há algo mais em que acreditamos: que podemos discordar. A liberdade de expressão é um princípio fundamental e a liberdade de imprensa é um princípio sem o qual a democracia não pode sobreviver. Revelar os fatos e entender a verdade é um dever para o qual devemos nos dedicar.

A grande questão israelense é, na verdade, por que há tanto ódio e ansiedade na sociedade israelense em um período em que concordamos à nível nacional sobre uma vasta gama de tópicos importantes? Por que hoje a polarização é mais tempestuosa do que nunca? A política é a resposta. Em Israel o extremismo não vem das ruas para a política, mas o oposto. Ele se espalha como se fosse lava, da política para as ruas. O cenário político transformou-se em extremo, violento e vicioso. Ele está arrasando a sociedade israelense e isso tem de parar. Este é o nosso desafio.

O Estado de Israel e os israelenses são melhores do que isso. Aqui há inteligência, imaginação e uma força que não pode ser encontrada em nenhum outro lugar. A economia israelense é buscada por todo o mundo, mais ainda em um momento em que a economia global enfrenta uma crise e houve um avanço em nosso potencial. Sabemos como melhorar, nos transformar, só precisamos fazer isso juntos.

Há duas fotos penduradas em meu gabinete no Knesset, uma ao lado da outra, de David Ben Gurion e Menachem Begin. Rivais políticos, mas dois dos mais importantes premières de Israel. Eles debatiam a todo momento, mas nunca esqueceram de que tinham um único objetivo: construir a força e o caráter moral do Estado de Israel.

Este objetivo é mundo maior do que aquilo que nos divide. O indispensável não é se ganhamos ou não um debate, mas se aprendemos a encontrar uma maneira de trabalhar junto àqueles que não concordam conosco.

Há muitas pessoas que não votaram neste governo e que estão ouvindo este discurso. Há muitos que não nos apoiam. Eu os agradeço por estarem dispostos a ouvir e peço para que trabalhemos juntos, para o bem de nosso país. Estou comprometido com servir a você também. Eu quero adotar as palavras do meu antecessor, Naftali Bennett, e as repetir: somos irmãos.

Os desafios à nossa frente são muitos. A luta contra o Irã, o terror que ameaça nossa casa, a crise na educação, o custo de vida e a promoção da segurança pessoal. Com desafios tão grandes não podemos deixar que as diferenças consumam nossas forças. Para criamos o bem comum precisamos uns dos outros.

Nossos filhos estão observando. O quê queremos que eles vejam? Desejo que enxerguem que fizemos tudo para contribuir com a construção de Israel, um Estado Judeu, democrático, forte, próspero e benevolente.

Obrigado”.