“Não existe nenhuma previsão positiva para o Líbano por causa da influência iraniana no país”, disse Saad Hariri ao anunciar que não participará das próximas eleições para o parlamento libanês.


Por David Aghiarian, Unidos com Israel

Tel Aviv, 25/01/2022

 

O líder sunita e ex-Primeiro-ministro do Líbano, Saad Hariri, anunciou nesta segunda-feira (24) que deixará a política e não concorrerá as eleições parlamentares marcadas para o mês de maio deste ano.

“Interrompo minha carreira política e convido a minha família política, o Movimento do Futuro, a fazer o mesmo”, disse Hariri em um breve comunicado durante o qual convocou o partido que lidera a não participar do pleito. Isto, em represália a influência do Irã através de seu maior aliado, o grupo terrorista Hezbollah, única facção que não baixou suas armas após a Guerra Civil do LÍbano.

“Não existe nenhuma previsão positiva para o Líbano por causa da influência iraniana no país, da desordem no cenário internacional, das divisões internas, do sectarismo e derrocada do Estado”, afirmou Hariri.

A família de Saad Hariri vem desempenhando um papel de destaque na política libanesa há aproximadamente três décadas, desde o fim da guerra civil no país. Rafik Hariri, pai de Saad, liderou os sunitas e o Movimento do Futuro chegando a ocupar o cargo de Primeiro-ministro do Líbano em duas ocasiões, de 1992 a 1998 e de 2000 a 2004.

Em 14 de fevereiro de 2005, Rafik Hariri foi assassinado em um atentado terrorista que matou também outras 22 pessoas na capital libanesa. Entre eles, o antigo Ministro da Economia do Líbano, Bassel Fleihan.

O atentado que matou Rafik Hariri é atribuído ao grupo terrorista Hezbollah e aos regimes sírio e iraniano.

Sunita, Saad Hariri é aliado da Arábia Saudita e deveria fazer oposição ao Hezbollah, grupo terrorista xiita que controlava a região sul do Líbano e transformou-se, com a ajuda do Irã, em uma potência no cenário político libanês. Apesar disso, o político adotou em sua carreira uma posição conciliadora e diplomática para segundo ele, impedir que o país fosse arrastado novamente para uma guerra civil.

A decisão de Hariri deixa um vácuo no já caótico cenário político do Líbano. Quem comandará os sunitas? Que partido herdará os votos dos apoiadores sunitas do Movimento do Futuro? Será que o Hezbollah aproveitará esta oportunidade para tomar o poder? Como a Arábia Saudita e os demais países do Golfo responderão?

Tudo isso só será respondido com o tempo, mas a decisão do ex-premiê libanês Saad Hariri parece ser mais um golpe para o país que luta há décadas por estabilidade e união.