Prática é comum na diplomacia e demonstra o descontentamento de um país com a decisão, práticas ou declarações do governo representado pelo embaixador convocado.


Por David Aghiarian, Unidos com Israel

Jerusalém, 19/10/2022

 

O Embaixador da Austrália em Israel, Paul Griffiths, foi convocado nesta terça-feira (18) para apresentar-se no Ministério das Relações Exteriores de Israel e dar explicações sobre  a recente decisão de Camberra sobre Jerusalém. Nesta segunda-feira (17), após um embaraçoso método de tomada de decisões, a nova Ministra das Relações Exteriores da Austrália, Penny Wong, reverteu uma decisão do ex-primeiro-ministro Scott Morisson que em 2018, reconheceu a unificação de Jerusalém e seu devido lugar, como a capital do Estado de Israel.

“Hoje, o governo reafirma a antiga posição da Austrália de que o status final de Jerusalém deve ser resolvido como parte de uma negociação de paz entre Israel e o povo palestino”, disse Wong, que defendeu ainda a criação de um Estado Palestino.

Membro do Partido Trabalhista da Austrália, Penny Wong disse ainda que o conservador e ex-primeiro-ministro Scott Morrison havia “brincado de política” ao reconhecer Jerusalém Oriental como a capital de Israel.

“Eu lamento que a decisão do Sr. Morrison de brincar com a política tenha resultado na alteração da posição da Austrália. Lamento também o sofrimento que isto causou a muitas pessoas na comunidade australiana que se preocupam profundamente com este tema”, diz a chanceler.

Em Jerusalém o embaixador australiano Paul Griffiths foi recebido pela diplomata Aliza Bin Noun, Diretora da Divisão Política do Ministério das Relações Exteriores de Israel. Ela demonstrou o “profundo descontentamento” do governo israelense com a decisão de Camberra e disse que a manobra “fere a profunda e eterna ligação entre o povo judeu e sua histórica capital”.

Bin Noun teria dito ainda que a decisão do governo australiano, anunciada durante uma onda de violência e terror palestino que já fez diversas vítimas em Israel, encoraja grupos e elementos extremistas. O fato de que a decisão e o anúncio de Penny Wong foram feitos sem qualquer consulta ou aviso e durante um feriado religioso judaico também foi mencionada pela diplomata israelense em sua conversa com o embaixador Paul Griffiths.

Em nota o Primeiro-ministro de Israel, Yair Lapid, demonstrou seu descontentamento com o anúncio de Penny Wong. Ele criticou a forma coma a decisão foi tomada por Camberra e disse que Jerusalém é e continurá sendo a capital de Israel.

“Não sou os australianos ou qualquer outra pessoa que definirão qual é a capital de Israel. Jerusalém unificada é a eterna capital de Israel e nada mudará isto”, disse Lapid.