Além de delimitar a fronteira marítima entre Israel e o Líbano o acordo regulamenta a extração de gás natural em bacias do Mar Mediterrâneo.


David Aghiarian, Unidos com Israel

Jerusalém, 11/10/2022

 

Israel e o Líbano anunciaram no início da tarde desta terça-feira (11), haver chegado a um “acordo histórico” que delimita os limites das águas territoriais de ambos os países e regulamenta a extração de gás natural em bacias do Mar Mediterrâneo. Tecnicamente, o acordo será assinado junto aos Estados Unidos porque Beirute, por pressão do grupo terrorista Hezbollah, se opõe a negociações com Jerusalém.

“Israel e o Líbano chegaram a um acordo que encerra a disputa sobre suas fronteiras marítimas. O projeto atende a todos os princípios econômicos e de segurança estabelecidos por Israel. O tratado não tem precedentes e irá fortalecer a segurança de Israel, alavancar nossa economia e garantir uma fonte mais limpa de energia para países ao redor do mundo”, diz uma nota divulgada pelo premiê israelense Yair Lapid. Ele ainda agradeceu ao mediador americano Amos Hochshtein.

O Presidente do Líbano por sua vez, Michel Aoun, disse que o acordo é “satisfatório” para seu país.

“A versão final do acordo é satisfatória para o Líbano, atende suas demandas e preserva o direito à suas riquezas naturais”, disse Aoun.

 

A disputa marítima entre Israel e o Líbano

 

As disputas entre países de mundo pelas delimitações de fronteiras marítimas são comuns, principalmente quando a área em questão é rica em recursos naturais. Este é o caso do Mar Mediterrâneo, onde há cerca de uma década foram encontradas diversas bacias de gás natural.

A atual disputa entre Israel e o Líbano referente a delimitação de suas fronteiras marítimas começou em 2011. O território em disputa é um triângulo e tem pouco mais de 856 quilômetros quadrados. Lá, está situado a bacia de gás natural Kana e ambos os países têm esta região registrada como sua nas Nações Unidas.

 

 

Uma faixa de água ainda maior pertencente a Israel recentemente passou ser reivindicada pelo Líbano em razão de suas riquezas naturais. Talvez, por pressão do grupo terrorista Hezbollah e seu líder, Hassan Nasrallah, que culpa Israel pela crise econômica na terra dos cedros.  Nesta localização, está a bacia de gás natural israelense “Karish”, mas esta reivindicação de Beirute não é reconhecida pelos Estados Unidos ou pelas Nações Unidas.

 

O acordo

 

O acordo ao qual chegaram Israel e o Líbano foi mediado pelo diplomata americano Amos Hochstein, que ocupa o cargo de Coordenador e Enviado Especial dos Estados Unidos para Assuntos de Energia Internacional.  Apesar dos termos do tratado ainda não terem sido revelados, sabe-se que Israel abriu mão da área em disputa em troca da promessa de recebimento de royalties da exploração de gás natural extraído da bacia de “Kana”.

Na manhã desta quarta-feira (12) os termos do acordo com o Líbano serão apresentados ao Conselho de Segurança Nacional de Israel e em seguida passará pelo crivo do governo. Se aprovado, o projeto será então debatido no parlamento israelense, ou Knesset em hebraico, por um período de duas semanas ao final das quais, ele deverá ser votado.

 

Resistência em Israel

 

Apesar do anúncio feito por Jerusalém e Beirute o acordo pode encontrar resistência em Israel e chegar à Suprema Corte do país. Isto, porque os partidos de oposição, liderados por Benjamin Netanyahu, se opõe a renúncia às águas territoriais no Mar Mediterrâneo. O grande receio, principalmente entre a direita, é de que o Hezbollah use os lucros obtidos com a exploração do gás natural para financiar a compra de armas, mísseis e em sua agenda terrorista.

Netanyahu por exemplo classificou a bacia de gás natural de Kana como um “bem estratégico” do Estado de Israel. Segundo ele, o governo atual governo israelense, de transição, às vésperas de uma nova eleição, não tem a devida capacidade legal para firmar um acordo desta magnitude.

“O Hezbollah irá usar os bilhões de dólares obtidos com a extração de gás natural para armar-se com mísseis e foguetes que ameaçam os cidadãos de Israel. É o Irã posicionando-se às margens de Rosh HaNikra e das bacias de gás natural de Israel”, disse Netanyahu.