Benjamin Netanyahu, Primeiro-ministro de Israel, não consegue unir partidos de direita e parlamento israelense aprova sua própria dissolução. Novas eleições foram convocadas.
David Aghiarian, Unidos com Israel
Há apenas dois meses, os israelenses foram às urnas para eleger os membros do Knesset, o parlamento de Israel.
Quando Benjamin Netanyahu foi declarado o grande vencedor das eleições, ao conquistar 35 das 120 cadeiras do Knesset, ninguém poderia imaginar o que estava por vir. A 21ª formação do Knesset, duraria apenas um mês.
O show estava pronto para que Netanyahu assumisse pela quinta vez o cargo de Primeiro-ministro de Israel. O Likud, partido de Netanyahu, havia conquistado 35 cadeiras no parlamento e a ala direitista contava com 65 parlamentares, a maioria.
Tendo sido apontado, pela maioria dos parlamentares eleitos, como o mais indicado para formar uma coalizão, esta missão lhe foi designada pelo Presidente de Israel. Para concluir esta tarefa, que não parecia difícil, Netanyahu teria a sua disposição 28 dias.
Passaram-se 28 dias, não havia um consenso entre os partidos de direita, o toma lá dá cá e as negociações estavam apenas começando. Até aí tudo normal. Legalmente, Bibi poderia pedir ao Presidente de Israel que o prazo fosse prorrogado por mais 14 dias. Pediu e recebeu. É política, segue o jogo.
Com os dias se passando, os acordos para a formação da coalizão foram tomando forma, um a um. Parecia que a direita estava unida e faltavam apenas alguns acertos a serem feitos.
A coalizão de Benjamin Netanyahu contaria com o partido dos religiosos ultranacionalistas (Yichud Miflagot HaYemin), com os partidos ultraortodoxos Shas e Yahadut Hatorá e com partido de centro-direita Kulanu, que é liderado por Moshé Kachlon, atual Ministro da Fazenda e ex-colega de partido de Netanyahu.
A coalizão contava até agora com 60 parlamentares, um a menos do que o necessário. Faltava apenas um partido de direita, o ultranacionalista laico, Yisrael Beiteinu, do ex-Ministro da Defesa Avigdor Lieberman.
Durante toda a corrida eleitoral e durante as negociações para a formação de um governo, Avigdor Lieberman vinha batendo em uma tecla, a Lei de Serviço Militar Obrigatório.
Por anos, pactos políticos e leis, garantiram aos religiosos o direito de não servir ao exército, enquanto estivessem matriculados em uma escola rabínica e estivesse estudando Torá. Lieberman quer colocar um ponto final neste “costume” e defende que todo cidadão israelense deve servir no Exército de Israel.
Mas ninguém estava preocupado com Lieberman, todos pensavam que cedo ou tarde, ele cederia. Analistas políticos e jornalistas chegaram a apontá-lo como o mais forte candidato ao cargo de Ministro da Defesa no governo de Netanyahu.
Faltando 48 para o fim do prazo estipulado para que a coalizão fosse formada, parece que Israel acordou. Ainda não havia uma coalizão. Netanyahu, Lieberman e os religiosos estavam longe de um consenso. A crise política estava instaurada em Israel.
Durante 48 horas, assistimos ao jogo político. Reuniões, o entra e sai de políticos da residência oficial do Primeiro-ministro, alfinetadas, tapas e assopros. Era tudo ou nada.
Será que pela primeira vez na história de Israel, um parlamentar não conseguiria formar uma coalizão no prazo estipulado? E agora, o que fazer?
Reuven Rivlin, Presidente de Israel, teve que vir a público, explicar à população o que ele poderia ou não fazer, caso não houvesse uma coalizão formada à 0h de ontem.
Enquanto isso, no parlamento de Israel, o parlamentar Miki Zohar do Likud havia protocolado uma proposta de lei, a Lei de Dissolução do Knesset.
A Lei de Dissolução do Parlamento, é uma manobra política que seria usada por Benjamin Netanyahu. Uma carta na manga caso não conseguisse convencer Lieberman a se unir ao time.
Através desta lei, o próprio parlamento votaria pela sua dissolução e novas eleições seriam convocadas.
Dessa forma, Netanyahu impediria que o mandato de Primeiro-ministro voltasse para o Presidente de Israel e que fosse designado a outro parlamentar e que este tentasse formar um governo.
Para isto acontecer, a proposta de lei de dissolução do parlamento, deveria ser votada ainda ontem e deveria contar com o apoio de pelo menos 61 parlamentares.
Enquanto a população aguardava e via a história sendo feita, Netanyahu tentava a todo custo formar uma coalizão.
Mas Lieberman não cedeu.
Netanyahu, desesperado, se voltou até mesmo para Avi Gabay, líder do Partido dos Trabalhadores, líder da esquerda.
Em entrevista ao jornal israelense Ynet esta manhã, Avi Gabay disse que o cargo de Ministro da Fazenda lhe fora oferecido, entre outras coisas. Mas que ele havia se recusado a participar de um governo de direita de Netanyahu.
À 0h de quarta-feira, 29 de maio de 2019, o circo já havia pegado fogo. Visivilmente cansado, Netanyahu não tinha uma coalizão e teve início a votação da proposta de lei que dissolveria o Knesset, o mais breve da história.
Pouco tempo depois, a lei foi aprovada e novas eleições convocadas para 17 de setembro, 74 parlamentares haviam votado pela dissolução do parlamento e 45 contra.
Assim, terminou a 21ª formação do parlamento de Israel.
Viva a democracia. Longa vida ao Estado de Israel.