Quase dois meses após a morte da jornalista Shireen Abu Akleh, da rede Al Jazeera, a Coordenadoria de Segurança dos Estados Unidos disse ser impossível identificar o autor do disparo que causou a matou.


Por David Aghiarian, Unidos com Israel

Tel Aviv, 05/07/2022

 

O Departamento de Estado dos Estados Unidos anunciou nesta segunda-feira (4) que os testes de balística forense realizados para identificar o autor do disparo que matou a jornalista Shireen Abu Akleh, da rede Al Jazeera, foram “inconclusivos”.

“Após uma análise forense extremamente detalhada e independente, realizada como parte de um processo acompanhado pela Coordenadoria de Segurança dos Estados Unidos, investigadores autônomos não foram capazes de chegar a uma conclusão definitiva quanto a origem da bala que matou a jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh. Especialistas balísticos determinaram que o projétil estava bastante danificado, o que impediu uma conclusão clara”, diz uma nota assinada por Ned Price, Porta-voz da Secretaria de Estado dos Estados Unidos.

Mas apesar de declarar que a ciência não foi capaz de identificar o autor do disparo, os Estados Unidos anunciaram ainda haver chegado à conclusão de que a morte de Shireen Abu Akleh tenha “provavelmente” sido causada por disparos produzidos por soldados das Forças de Defesa de Israel, IDF na sigla em inglês.

“Além da análise forense e balística, a Coordenadoria de Segurança dos Estados Unidos teve total acesso aos inquéritos produzidos nas últimas semanas pelas Forças de Defesa de Israel e Autoridade Palestina (AP). Ao conciliar ambos os inquéritos, a Coordenadoria de Segurança dos Estados Unidos, chegou à conclusão de que disparos efetuados de posições do IDF provavelmente causaram a morte de Shireen Abu Akleh”, diz a nota.

O processo investigativo acompanhado pelos americanos concluiu ainda que é mentirosa a alegação, da rede Al Jazeera e da Autoridade Palestina, de que a morte da jornalista foi um homicídio. Isto, porque Shireen Abu Akleh teria sido vítima de uma bala perdida em meio a uma situação de confronto, uma casualidade, e não de um assassinato premeditado.

“A Coordenadoria de Segurança dos Estados Unidos não encontrou motivos para crer que isso (a morte da jornalista Abu Akleh) foi intencional, mas o resultado de circunstâncias trágicas no curso de uma operação militar realizada pelo IDF contra facções da Jihad Islâmica Palestina no dia 11 de maio de 2022, em Jenin, derivado de uma série de ataques terroristas em Israel”, afirmou a Secretaria de Estado americana.

 

 O caso Shireen Abu Akleh

 

A jornalista Shireen Abu Akleh morreu no dia 11 de maio deste ano, vítima de uma bala perdida, enquanto fazia a cobertura de um confronto entre soldados do IDF e terroristas palestinos na cidade árabe de Jenin. Isto, durante uma onda de atentados terroristas realizados por palestinos que cobraram a morte de 19 pessoas em Israel. Entre eles, 16 civis israelenses, dois cidadãos da Ucrânia e um da Moldávia.

Imediatamente após a morte da jornalista a rede Al Jazeera, conglomerado de mídia do Catar, acusou Israel pelo seu assassinato e esta posição foi logo adotada também pela Autoridade Palestina.

Acusado sem provas pelo assassinato de Shiren Abu Akleh, o governo israelense solicitou a instauração de uma investigação conjunta aos palestinos e propôs que esta fosse acompanhada por terceiros. Além disso, o IDF instaurou uma apuração interna que determinou que o disparo presumivelmente partiu da arma de um de seus soldados. Esta, foi também identificada, com base na trajetória do disparo que matou a jornalista e na posição das forças israelenses.

Mas para que se chegasse a uma conclusão irrefutável e capaz de identificar o autor do disparo que matou Abu Akleh era necessário ainda que fosse realizada uma autópsia independente no corpo da jornalista e que o projétil que a matou fosse submetido a uma análise forense e balística. Afinal, o médico legista palestino Dr. Rian al Ali, que examinou o cadáver de Shireen Abu Akleh, chegou à conclusão de que era “impossível determinar o autor do disparo”.

Com o corpo da jornalista da rede Al Jazeera sequestrado por terroristas após a sua morte, o resultado da autópsia pode, e deve, ter sido comprometido. Este fato, tornou a análise balística do projétil ainda mais essencial para a definição do autor do disparo que a matou.

Porém, apesar de fundamental a análise balística, a Autoridade Palestina a estava impedindo, negando-se perseverantemente a entregar o projétil que matou Shireen Abu Akleh para análise. Isto, só aconteceu na semana passada, após enorme pressão de Washington, e quase dois meses após a morte da jornalista.

Quando finalmente aconteceu a análise em questão, defendida por Israel, os especialistas identificaram que o projétil havia sido “bastante danificado”, impedindo assim, “uma conclusão clara”.

Nesta segunda-feira, o Primeiro-ministro de Israel, Yair Lapid, lamentou a morte da jornalista Shireen Abu Akleh, e defendeu a liberdade e segurança da imprensa.