“Podemos ir para a quinta, sexta ou décima eleição, dividir o país peça por peça, ou podemos colocar um fim a esta loucura”, disse Naftali Bennett, líder do partido de direita Yemina e nome cotado para ocupar o cargo de Primeiro-ministro de Israel.


Por David Aghiarian, Unidos com Israel

Tel Aviv, 31/05/2021

 

A crise política israelense, que já se estende por mais de dois anos e contou com 4 eleições irresolutas, pode estar prestes a ser solucionada. Isto porque na noite desta segunda-feira (30), Naftali Bennett, líder do partido de direita Yemina, anunciou que pretende formar junto ao atual líder da oposição, Yair Lapid, o que chamou de um “governo de união”.

Bennett disse que quatro eleições foram suficientes para provar que o cenário político israelense hoje não tem espaço para a formação de uma coalizão e governo de direita liderado por Benjamin Netanyahu. Isto porque, segundo ele, são poucos os agentes políticos que ainda acreditam nas promessas e em uma aliança com o atual premier israelense.

Há 12 anos no poder, Netanyahu tem hoje muitos inimigos políticos. Alguns deles até, antigos aliados, desavenças que se viram obrigadas a deixar o Likud, partido de Netanyahu, por discordarem do premier israelense ou por ameaçarem a sua posição.

“Podemos ir para a quinta, sexta ou décima eleição, dividir o país peça por peça, ou podemos colocar um fim a esta loucura”, disse Bennett referindo a crise política.

“Em um momento tão crucial devemos assumir a responsabilidade. Por isso eu estou anunciando hoje que farei tudo o que estiver ao meu alcance para constituir um governo de união nacional junto ao meu amigo Yair Lapid. Assim, se Deus quiser, juntos iremos resgatar o país desta instabilidade e o recolocaremos no trilho”, disse ele.

Yair Lapid é o líder do partido de centro-esquerda Yesh Atid e atual líder da oposição. No início deste mês, lhe foi estendida pelo Presidente de Israel a missão de formar uma coalizão. Isto, depois do fracasso de Netanyahu.

Apesar de haver conquistado apenas 7 cadeiras no parlamento israelense após as últimas eleições Naftali Bennett é hoje a peça-chave para a formação de um governo, que deve contar com o apoio de ao menos 61 dos 120 parlamentares eleitos. Este alto poder de barganha, somado a vontade de muitos agentes políticos de ver Netanyahu destituído, pode levá-lo a ocupar o cargo de Primeiro-ministro de Israel.

Segundo as previsões, a aliança que vem sendo arquitetada terá Naftali Bennet ocupando o cargo de premier israelense pelo período de dois anos. Em seguida, ele deverá abrir caminho para que Yair Lapid ocupe o cargo de Chefe de Governo pelo restante do mandato, ou seja, outros dois anos.

Além dos partidos Yemina e Yesh Atid, a coalizão e próximo governo de Israel será formada por outros 5 partidos. São eles os partidos de direita Tikva Chadashá e Israel Beiteinu, o de centro Kachol Lavan, o de esquerda Avodá, e o Meretz, de extrema esquerda.

“Eu e Lapid discordamos em alguns pontos essenciais, mas somos parceiros em nosso amor pelo país e em nossa vontade de trabalhar por ele”, disse Bennett em seu discurso ao defender a união dos extremos da política israelense.

“Não pediremos que ninguém renuncie a seus princípios, mas que posterguem a realização de parte de seus sonhos. Nos concentraremos naquilo que podemos fazer em detrimento daquilo que não podemos”, disse Bennett.

 

“A esquerda está abrindo mão de coisas que não são simples”

 

Em seu discurso, Naftali Bennett se dirigiu ontem ao seu eleitorado, de direita, e aquele de extrema-direita ao defender a formação de um governo composto pela esquerda e extrema esquerda.

“A esquerda está abrindo mão de muitas coisas que não são simples ao confiar a mim, antigo Presidente do Conselho da Judéia e Samaria, um homem da Terra de Israel, o cargo de Primeiro-ministro e para meu amigo, Gideon Saar, um evidente homem de direita, o cargo de Ministro da Justiça”, disse ele.

Gideon Saar está hoje à frente do partido de direita Tikva Chadashá mas até pouco tempo ele era um dos líderes do Likud, partido de Netanyahu.

Bennett deixou claro que este não é o governo dos sonhos de ninguém mas será segundo ele, “mais à direita do que o atual”.

“Não teremos planos unilaterais de retirada (como aquele da Faixa de Gaza que ocorreu em maio de 2005), não entregaremos terras e o governo também não hesitará em dar início a uma operação militar, se isso for necessário”, disse Bennett.

Naftali Bennett terminou seu discurso dizendo que a decisão de formar um governo com Yair Lapid e a esquerda foi uma das mais difíceis da sua vida mas que está sossegado e acredita que este é o correto a se fazer diante do atual cenário de crise política.