Sem uma solução para a crise política e com o fim do prazo para a aprovação do orçamento governamental, o parlamento do Estado de Israel se dissolverá automaticamente na madrugada desta quarta-feira.


Por David Aghiarian, Unidos com Israel

Tel Aviv, 22/12/2020

 

Sem um milagre, a 23ª formação do Knesset, o parlamento do Estado de Israel, deverá se dissolver automaticamente às 0h desta quarta-feira, fim do prazo para a aprovação do orçamento governamental. Em seguida, novas eleições serão convocadas e pela quarta vez em menos de dois anos, os israelenses deverão ir às urnas no próximo dia 23 de março.

Prevista em lei, a dissolução do parlamento é compulsória em casos de incapacidade do governo de aprovar o seu próprio orçamento. Sem um consenso entre os líderes dos dois maiores partidos, o Likud de Benjamin Netanyahu e o Azul e Branco de Benny Gantz, o prazo para a aprovação deste esgotou-se.

Clique aqui para entender a disputa entre Gantz e Netanyahu.

 

ישראל לקראת בחירות רביעיות: הקואליציה התפוררה – והכנסת צפויה להתפזר היום
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Posted by ynet on Tuesday, December 22, 2020

 

Parlamentares israelenses no Knesset na noite desta segunda-feira.

 

Em seu último ato, bancada do governo perde o rumo ao vivo

 

A lei que deveria impedir a dissolução automática do parlamento do Estado de Israel, e dar mais tempo para Netanyahu e Gantz acertarem suas diferenças, foi rejeitada ontem pela maioria dos parlamentares. Proposta pelo Conselho do Knesset, a lei estenderia o prazo para a aprovação do orçamento anual até o dia 31 de dezembro deste ano.

Em uma votação onde muitos parlamentares optaram por não comparecer na câmara legislativa de Israel, em um aceno direto a sua vontade de colocar um fim no governo de emergência e união nacional, o projeto de lei desmoronou e foi vetado pela maioria dos presentes. Ao todo, 49 parlamentares votaram contra a lei e apenas 47 a favor. Entre estes, o próprio premier israelense.

Com uma bancada formada por 72 parlamentares membros de uma coalizão composta por 8 diferentes partidos, o quinto governo de Benjamin Netanyahu desmoronou ontem enquanto muitos israelenses acompanhavam ao vivo, pelo canal do Knesset, o que acontecia na tribuna.

Em meio a toda essa bagunça, a parlamentar Michal Shir do partido de Netanyahu, se uniu a oposição e votou, de facto, pela dissolução do Knesset. Em um breve anúncio, a parlamentar informou que deixaria o Likud e se afiliaria ao partido de Gideon Sa’ar, ex-aliado e hoje adversário do Primeiro-ministro de Israel.

Além de Michal Shir, outro membro do Likud, a parlamentar Shareen Haskel, também desertou do partido de Netanyahu ao esconder-se em seu carro, no estacionamento do Knesset, para não votar com o governo a qual pertence. Ela também deverá se afiliar a Sa’ar.

 

Tragédia grega também no partido de Gantz

 

Detentor de 15 das cadeiras da bancada do governo, o partido Azul e Branco liderado por Gantz, deveria votar a favor do projeto de lei que estenderia o prazo para a aprovação do orçamento anual. Ao invés, seguindo uma diretriz de sua liderança, muitos parlamentares optaram por não comparecer na assembleia. Entre eles, o próprio Benny Gantz, premier substituto e Ministro da Defesa do Estado de Israel.

Decididos a colocar um fim no que chamou de “loucura”, a parlamentar Miki Haimovich e mais dois colegas de seu partido, Assaf Zamir e Ram Shefa, compareceram no Knesset e votaram pela dissolução do trigésimo quinto governo do Estado de Israel.

Ao final da votação, os três também anunciaram que deixariam o partido Azul e Branco e se uniriam a Gideon Sa’ar.

“Yallah Fauda”, tuitou Zamir em uma alusão à série israelense Fauda, disponível no Netflix. Em árabe, a palavra Fauda que dá nome à série, significa caos. Nada melhor poderia ilustrar o atual cenário da política israelense, um caos em meio a pandemia.

 


Da direita para a esquerda: Zamir, Haimovich e Shefa.