Implantes de tecido espinhal desenvolvidos por pesquisadores da Universidade de Tel Aviv apresentaram 80% de índice de sucesso em testes com animais.
Por David Aghiarian, Unidos com Israel
Tel Aviv, 06/02/2022
Pesquisadores de Israel desenvolveram com sucesso implantes humanos 3D de tecido da medula espinhal. Graças ao experimento inédito, ratos de laboratório voltaram a andar e agora os pesquisadores acreditam que podem dar esperança a pessoas paralisadas por lesões na coluna vertebral.
Os implantes foram desenvolvidos a partir de células humanas por pesquisadores do Centro Sagol de Biotecnologia Regenerativa da Univerdade de Tel Aviv. Participaram ainda do projeto integrantes da Escola Shmunis de Biomedicina e Pesquisa do Câncer e cientistas do Departamento de Engenharia Biomédica da universidade.
De acordo com o líder da equipe, Doutor Tal Dvir, o processo de criação em laboratório do tecido espinhal compreende a remoção de células de gordura do estômago de uma paciente e a reprogramação das mesmas em células-tronco pluripotente induzidas. Estas, são usadas pela medicina regenerativa por serem capazes de se reproduzir indefinidamente, podendo substituir células danificadas.
O tecido criado a partir destas células foi então implantado em ratos de laboratórios divididos em dois grupos, aqueles diagnosticados com paralisia crônica de longa duração e outros com paralisia de curta duração.
De acordo com os pesquisadores, entre os ratos do primeiro grupo 80% voltaram a andar. Já nos ratos de laboratório do segundo grupo, com paralisia de curta duração, o índice de sucesso foi de 100% após todos voltarem a andar.
Um estudo detalhado foi publicado pelos pesquisadores israelenses no periódico acadêmico Advanced Science e agora a equipe espera poder dar início aos testes em seres humanos. Para isso, interlocuções estão sendo feitas entre a Universidade de Tel Aviv e o FDA, agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos.
“Se isso funcionar em seres humanos, e nós acreditamos que funcionará, poderemos dar a todas as pessoas com paralisia a esperança de voltar a andar”, disse o Doutor Dvir.
Ainda de acordo com os pesquisados, o tecido transplantado em seres humanos deverá ser criado a partir das células do próprio paciente, diminuindo assim os índices de rejeição.
“Nós estamos propondo uma tecnologia regenerativa médica avançada para a qual não há alternativa, por isso temos grandes chances de conseguir a aprovação para os testes clínicos rapidamente”, disse o líder da equipe, demonstrando esperança de que os testes em seres humanos possam começar em alguns anos.
Dvir disse ainda que existem milhões de pessoas em todo o mundo presas a uma cadeira de rodas em função de paralisias causadas por danos na coluna vertebral sem que exista um tratamento efetivo para esta condição.
“Indivíduos acidentados ainda muito jovens estão destinados a sentar em uma cadeira de rodas pelo resto de suas vidas, arcando assim com todos os custos sociais, financeiros e médicos da paralisia. Nosso objetivo é produzir tecidos espinhais personalizados para todas as pessoas, permitindo a regeneração do tecido afetado sem que haja risco de rejeição”, disse o pesquisador da Universidade de Tel Aviv.