Soldado de elite, empresário de sucesso, judeu ortodoxo, casado com Gilat, pai de 4 filhos e alérgico a kiwi. Conheça Naftali Bennett, o 13° Primeiro-ministro do Estado de Israel.
Por David Aghiarian, Unidos com Israel
Tel Aviv, 14/06/2021
Com Benjamin Netanyahu há mais de 12 anos no cargo de Primeiro-ministro talvez o mundo tenha esquecido que o Knesset Israel, nome dado ao parlamento, é composto por outros 119 parlamentares que representam todas as esferas da sociedade israelense. No entanto, na noite deste domingo a democracia israelense demonstrou toda a sua robustez e exuberância quando a alternância de poder, um dos mais belos conceitos deste regime político, levou Naftali Bennett ao cargo de Primeiro-ministro e colocou um fim, ou apenas suspendeu quem sabe, ao reinado de Benjamin Netanyahu.
Mas então, quem é o 13° Primeiro-ministro do Estado de Israel?
Nascido na cidade de Haifa em 25 de março de 1972 Naftali é o terceiro filho e o caçula da família Bennett. Seus pais, Jim e Myrna, imigraram para Israel de São Francisco nos Estados Unidos em 1967, um mês após o fim da Guerra dos Seis Dias.
Durante sua infância e juventude Naftali Bennett viveu com sua família em Israel, no Canadá e em Nova Jersey, com as mudanças motivadas pelo trabalho de seu pai. Ele estudou em uma escola ortodoxa na cidade de Haifa e integrou o movimento juvenil Bnei Akiva.
Bennett gostava de ler a revista em quadrinhos “Asterix e Obelix” quando criança e fez aulas de violão. Seu herói era Yoni Netanyahu, irmão mais velho de Benjamin Netanyahu, que foi morto por terroristas palestinos em Entebbe ao comandar a operação que resgatou os reféns do voo Air France 139, que decolou de Tel Aviv com destino a Paris.
Carreira militar e profissional
Em 1990 Naftali Bennett se alistou e foi recrutado pelo Exército de Defesa de Israel (IDF) onde serviu como oficial nas unidades Maglan e Sayeret Matkal, dois prestigiados grupos de elite. Ele, ao invés de cumprir apenas os 3 anos obrigatórios do serviço militar israelense, voluntariou-se e serviu por mais três anos, deixando o exército apenas em 1996.
A partir de 1996 ele continuou a apresentar-se ao exército israelense sempre que convocado como oficial da reserva e até alcançar a patente de major. Bennett liderou seus soldados durante períodos da Segunda Intifada e diversas outras operações, entre elas a Segunda Guerra do Líbano, episódio que para ele foi um divisor de águas e o motivou a entrar para a política.
Já casado e formado em Direito pela Universidade Hebraica de Jerusalém, Naftali Bennett se mudou para Nova Iorque e iniciou sua carreira como empresário do ramo da tecnologia onde conquistou sua fortuna. Ele é cofundador de duas Startups de sucesso, Cyota e Soluto, que foram vendidas por milhões de dólares.
Carreira política
Já de volta a Israel a família Bennett se instalou na cidade de Raanana, na região central do país, e Naftali deu início à sua jornada de ativismo político. Isto, focado sempre em causas ligadas às bandeiras da direita, tanto econômica quanto israelense nacionalista. Devido a sua formação e ligação com a religião, Naftali Bennett é guiado ainda pelo conservadorismo. Isto não quer dizer é claro, que ele seja homofóbico, fascista ou uma ameaça à democracia ou aos direitos e liberdades individuais.
Em 2006 Naftali Bennett conheceu Ayelet Shaked, à época assessora de Benjamin Netanyahu, e este foi o início de uma aliança política que perdura até os dias de hoje. Convidado por ela, Bennett assumiu o cargo de Chefe de Gabinete de Netanyahu, então Líder da Oposição durante o governo de Ehud Olmert.
Naftali Bennett iniciou sua carreira política em 2010 como Diretor-geral do Conselho Regional da Judéia e Samaria, cargo através do qual pode defender a indivisibilidade da Terra de Israel e trabalhar em prol das comunidades judaicas que vivem nessa região. Hoje, anos depois, sua posição contrária a criação de Estado Palestino mante-se inalterada. Para ele, o território bíblico da Terra de Israel deve ser aquele do Estado de Israel e os palestinos que aqui quiserem viver devem aceitar a soberania israelense e renunciar ao terrorismo.
Em 2012 Naftali Bennett e Ayelet Shaked filiaram-se ao partido ortodoxo de direita HaBait Yehudi. Isto, apesar de Shaked manter um estilo de vida secular e não observar as diretrizes do judaísmo ortodoxo. Eleito pelas prévias do partido para liderá-lo, Bennett levou a sigla ao Knesset conquistando 12 das 120 cadeiras. Algo inimaginável para alguém que acabara de ingressar na política.
Entre 2013 e 2018, Naftali Bennett ocupou diversos cargos durante os mandatos de Benjamin Netanyahu como Primeiro-ministro. Entre eles, as posições de Ministro da Economia, Ministro da Educação e Ministro da Diáspora.
Bennett e Shaked se desligaram do HaBait Yehudi em 2018 e criaram o partido Yemin Hachadash (Nova Direita). Ambos se afastaram do estigma ortodoxo e passaram a levantar bandeiras mais amplas como por exemplo, o liberalismo econômico.
Em 2019 o partido passou a chamar-se “Yemina” (À Direita) e Bennett cedeu seu lugar à Ayelet Shakek que o comandou elegendo 7 parlamentares para o Knesset. Ela então ocupou o cargo de Ministra da Justiça e Bennett aquele de Ministro da Defesa durante os primeiros meses da pandemia do coronavírus.
Durante o último governo de Benjamin Netanyahu e Benny Gantz o partido Yemina apesar de eleito, ficou de fora da coalizão. Isto, em razão de divergências entre o então premier israelense e Naftali Bennett. Ele e Shaked alegaram que não estavam atrás apenas de cargos políticos e anunciaram que iriam para a oposição “de cabeça erguida”, se não estivessem à frente de um ministério em que pudessem “fazer a diferença”.
“Acabou a era Bennett”, disse à época o Likud, partido de Netanyahu.
O 13° Primeiro-ministro do Estado de Israel é casado com a confeiteira Gilat Bennett e o casal tem 4 filhos: Yoni, Avigail, Michal e David. O nome de seu primogênito, é uma homenagem a seu herói de infância, Yoni Netanyahu.