UNIDOS COM ISRAEL

Tensão diplomática entre Israel e a Rússia após declarações do chanceler Sargey Lavrov

Primeiro-ministro de Israel, Yair Lapid (Israel MFA/GPO)

Em entrevista para rede de televisão italiana o chanceler russo Sargey Lavrov disse que Adolph Hitler “tinha sangue judeu” e que “alguns dos piores antissemitas são judeus”.


Por David Aghiarian, Unidos com Israel

Tel Aviv, 02/05/2022

 

Vendo seu país isolado pelo mundo e alvo de sanções internacionais o Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, voltou a defender a invasão da Ucrânia sob o pretexto de que Moscou está “desnazificando” o país vizinho. Ou seja, que o objetivo de Vladimir Putin é lutar contra as forças nazistas ucranianas, lideradas pelo presidente Volodymyr Zelenski.

As declaraçãos de Lavrov foram feitas no último domingo (1), durante entrevista para uma rede de televisão italiana.

Questionado sobre como o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky poderia estar liderando forças nazistas sendo ele judeu, o chanceler da Rússia disse acreditar que Adolph “Hitler também tinha sangue judeu”.

“E daí se Zelenski é judeu. Isto não é uma prova de que não há elementos nazistas na Ucrânia. Eu acredito que Hitler também tinha sangue judeu”, disse Lavrov.

O chanceler russo afirmou ainda que “alguns dos piores antissemitas são judeus”.

A falaciosa alegação de que Adolph Hitler tinha ancestrais judeus já foi descartada por historiadores e não passa de mais uma teoria conspiratória usada pelos advogados do líder nazista. Segundo esta teoria, Maria Anna Schicklgruber, mãe de Adoplh Hitler, teria engravidado de um judeu enquanto trabalhava como cozinheira pra a família Frankerberger na cidade de Graz.

“Não há qualquer evidência de que a mãe de Hitler sequer esteve em Graz ou de que havia uma família judia de sobrenome Frankenberger na cidade”, disse o historiador Sir Richard John Evan, ex-Presidente da Escola Wolfson da Universidade de Cambridge e autor da trilogia “O Terceiro Reich”.

A falácia de que Hitler tinha raízes judaicas é constantemente usada como forma de ataque ao povo judeu, que sofreu com os horrores perpetrados pelo líder nazista e teve 6 milhões dos seus assassinados pela máquina criada pelo genocida.

O Diretor do Memorial do Holocausto Yad Vashem em Jerusalém, Dani Dayan, condenou as declarações do chanceler russo Sargey Lavrov e as classificou como “falsas, delirantes, perigosas e dignas de toda e qualquer condenação”.

O Ministro das Relações Exteriores de Israel, Yair Lapid, disse que as declarações de Lavrov são “imperdoáveis”. Ele determinou ainda que o Embaixador da Rússia em Israel, Anatoly Viktorov, fosse convocado para dar explicações.

Lapid disse que os judeus não foram os responsáveis pelo seu próprio genocídio, mas vítimas de Adoplh Hitler e do Nazismo.

“Os judeus não são responsáveis pelo seu assassinato no holocausto. A forma mais baixa de racismo contra os judeus é aquela que responsabiliza os próprios judeus pelo antissemitismo”, disse Lapid.

Em entrevista para uma rádio israelense o chanceler Yair Lapid sugeriu ainda que Lavrov deveria “ler um livro de história” ao invés de espalhar “rumores antissemitas”.

“Eu acho que o governo da Rússia deveria se desculpar com o povo judeu e a memória daqueles que foram assassinados”, disse o chanceler israelense.

 

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