A tragédia de Lag BaOmer no Monte Meron já está sendo considerada uma das maiores desgraças da história do Estado de Israel.
Por David Aghiarian, Unidos com Israel
Tel Aviv, 30/04/2021
Na madrugada desta sexta-feira (30), pelo menos 44 pessoas morreram pisoteadas e mais de 150 ficaram feridas, 30 destas ainda internadas em estado grave, no que já está sendo considerada uma das maiores desgraças da história do Estado de Israel.
A “Tragédia de Lag BaOmer”, como ficará conhecido este triste episódio da história judaica moderna, foi provocada pela superlotação e desorganização de um dos mais prestigiados eventos do calendário judaico. Todos os anos, as celebrações da festa de Lag BaOmer e Hilula (aniversário de morte) do Rabi Shimon Bar Yochai, levam milhares de peregrinos ao Monte Meron, na região norte de Israel. Lá, está enterrado este que é considerado um dos mais importantes sábios do judaísmo e autor do livro Zohar, principal livro da Kabalá.
Estima-se que mais de 100.000 pessoas, em sua maioria judeus ortodoxos e ultra ortodoxos, estivessem no local.
A confusão começou em um setor destinado à Chassidut Toldot Aharon, um grupo ultra ortodoxo liderado pelo Rabino David Kahn, também conhecido como Rebe de Toldot Aharon. Após o tradicional acendimento da fogueira de Lag BaOmer a multidão que tentava deixar o local provocou uma verdadeira avalanche humana logo após um grupo de peregrinos cair ao descer uma das escadas que dão acesso ao local.
Imagens do local da tragédia em um dos acessos ao Monte Meron.
Um menino de 16 anos morador de Jerusalém contou ao jornal Ynet que havia milhares de pessoas tentando sair por uma passagem estreita.
“Havia uma enorme pressão, todos fomos pressionados. Milhares de pessoas. E então 5 ou 6 fileiras de pessoas começaram a cair uma sobre as outras, estavam todos amontoados. Eu acabei apenas me ferindo levemente, mas na hora senti que iria morrer”, contou ele que foi encaminhado para um hospital.
Dvir Cohen, um jovem israelense de 25 anos, também falou ao jornal Ynet sobre os momentos de tensão.
“As pessoas queriam ir embora, havia muita gente. A superlotação fez com que fossemos empurrados para todas as direções. Uns caíram e todos rolaram sobre eles. Muitas pessoas acabaram desabando umas sobre as outras”, contou ele.
“As equipes de resgate, graças a Deus, ajudaram muito. Todos que conseguiam começaram a puxar as pessoas uma de cima da outra, como se fosse uma pilha de Lego. Eu fiquei lá por cerca de sete a dez minutos, mas graças a Deus não quebrei nada. Estou são e salvo”, disse Cohen.
Logo após perceber a proporção da desgraça as equipes de resgate presentes no local, além da polícia, começaram a evacuar os feridos para os hospitais da região. Centenas de ambulâncias foram usadas e as equipes foram acudidas por helicópteros de resgate da Força Aérea de Israel e soldados da brigada de evacuação 669 do IDF.
“Uma noite muito difícil”, diz comandante da força policial
Uma investigação preliminar da Polícia de Israel revelou que alguns dos participantes das celebrações escorregaram nas escadas, o que provocou uma verdadeira “avalanche humana” sob a qual centenas de pessoas ficaram presas.
Milhares de policiais, paramédicos e integrantes do corpo de bombeiros estavam no Monte Meron para garantir a segurança do evento mas isto, infelizmente, não foi suficiente.
O Comandante de Polícia do Distrito Norte de Israel, Shimon Lavi assumiu na manhã desta sexta-feira, a responsabilidade sobre a tragédia. “Tivemos uma noite muito difícil, uma noite trágica”, disse ele.
“Eu, Shimon Lavi, assumo toda a responsabilidade sobre o ocorrido, para o bem ou para o mal. Estou pronto para qualquer investigação. Nós estávamos preparados para todos os cenários mas infelizmente este incidente aconteceu”, contou Lavi. Ele disse ainda que a prioridade da polícia israelense agora é de evacuar todos os peregrinos que ainda encontram-se no local.