Líderes de Israel, Egito e Emirados Árabes Unidos se reúnem em Sharm el-Sheikh

Intuito é mostrar uma frente única aos Estados Unidos, contra o levantamento de sanções impostas a Teerã e a remoção do Exército da Revolução Islâmica do Irã da lista americana de organizações terroristas.

Por David Aghiarian, Unidos com Israel

Tel Aviv, 22/03/2022

O Primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett, reuniu-se nesta terça-feira (22) com o Presidente do Egito, Abdel Fatah al-Sisi e com o Príncipe Herdeiro dos Emirados Árabes Unidos, Sheikh Mohammed bin Zayed Al Nahyan. O histórico encontro entre os líderes aconteceu na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh, um balneário na região sul da Península do Sinai.

Durante a reunião os líderes de Israel, Egito e Emirados Árabes discutiram temas relacionados a segurança e estabilidade do Oriente Médio.

A recente visita do ditador sírio Bashar al-Assad aos Emirados Árabes também foi tema da reunião entre Bennett, al-Sisi e MBZ, como é conhecido o líder emiradense. Recebido na semana passada em Abu Dhabi, o ditador sírio pode estar disposto a afastar-se do Hezbollah e do Irã, em troca de reconhecimento internacional e ajuda financeira para a reconstrução da Síria, após anos de guerra civil.

A guerra entre a Rússia e a Ucrânia também repercutiu no encontro trilateral em Sharm el-Sheikh. O reflexo do conflito no preço do petróleo, gás e comodities como o trigo preocupam em especial o Egito, país em que reina a pobreza e o pão representa a base da alimentação de grande parte da população.

Durante o encontro o primeiro-ministro Naftali Bennett teria ainda compartilhado com al-Sisi e MBZ informações sobre os desdobramentos das negociações do conflito entre Moscou e Kiev. Próximo tanto da Rússia quanto da Ucrânia o governo de Israel vem tentando conduzir ambas as partes à mesa de negociações a fim de que um acordo de cessar-fogo seja alcançado.

O Irã sob os holofotes

A ameaça iraniana e a possibilidade de que Teerã seja capaz de desenvolver armas nucleares é umas das grandes preocupações de Jerusalém, Cairo e Teerã. Por isso, durante a reunião em Sharm El Sheikh, Bennett, al-Sisi e MBZ deram atenção especial à iminência da volta de Washington ao acordo nuclear JCPOA, ao levantamento das sanções econômicas impostas por Donald Trump ao regime dos aiatolás e a eventualidade da remoção do Exército da Guarda da Revolução do Irã da lista de organizações terroristas dos Estados Unidos.

Contrários à rendição de Washington ao Irã e às vésperas da submissão de Joe Biden a Ali Khamenei, os líderes de Israel, Egito e Emirados Árabes Unidos julgaram ser importante demonstrar convergência de opiniões e uma frente única, contrária aos anseios da Casa Branca.

Recentemente, segundo o Wall Street Jornal, Mohammed bin Zayed e o Príncipe Herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, se recusaram a atender telefonemas de Joe Biden em reprimenda a política externa de sua administração referente aos países do Golfo Arábico.

Antes considerado algo de filmes de ficção científica, a cooperação militar entre Israel e os países árabes moderados da região, frente a ameaça iraniana, é hoje uma realidade. Mais do que isso, é tornada pública e celebrando, tanto em hebraico quanto em árabe.

De acordo com a mídia israelense Bennett propôs a criação de um sistema integrado de defesa antiaérea no Oriente Médio, com o intuito de proteger a região de drones iranianos e mísseis,

Israel é o principal alvo de Teerã, que através de seus aliados no Iêmen, travam uma guerra contra a Arábia Saudita e os Emirados Árabes, lançando ataques aéreos e até mísseis balísticos contra Abu Dhabi e Dubai. Para o Egito, o enfraquecimento da Irmandade Muçulmana, um grupo terrorista parceiro de Teerã, é vista c vital para sua estabilidade e aquela de todo o Oriente Médio.

A reunião entre os líderes de Israel, Egito e Emirados Árabes Unidos deveria ser secreta, mas uma vez que descoberta pela mídia, o gabinete do presidente al-Sisi divulgou fotos do encontro e uma nota.

“A reunião tratou de temas relacionados aos recentes desdobramentos globais, especialmente no que diz respeito à energia, estabilidade do mercado, segurança alimentar e troca de visões sobre uma série de recentes questões internacionais e regionais”, disse o Porta-voz da Presidência do Egito.