O que faziam funcionários da Autoridade de Antiguidades de Israel armados com seringas no Muro das Lamentações em Jerusalém?
Por David Aghiarian, Unidos com Israel
Tel Aviv, 21/02/2021
As imagens de homens em guindastes “vacinando” o Muro das Lamentações, Kotel em hebraico, se espalharam por Israel e o mundo nesta segunda-feira (22). Mas o que está por trás desta imagem? Será ela parte de uma campanha de marketing destinada a incentivar os israelenses a vacinarem-se ou há uma outra explicação.
Não! Apesar da pandemia, o Muro das Lamentações não foi vacinado contra o coronavírus. Há um limite para tudo e a profanação de um dos lugares mais sagrados para o judaísmo seria algo que extrapolaria qualquer barreira.
Então, o que aconteceu nesta segunda-feira no Muro das Lamentações? Por que homens munidos com seringas subiram em guindastes e “vacinaram” algumas das pedras mais sagradas de Jerusalém?
A resposta é que a “vacinação do Muro das Lamentações” não passa de um projeto de conservação deste marco do judaísmo. E na seringa, não havia o medicamento desenvolvido pela Pfizer, Moderna ou muito menos pela Sinovac, mas uma solução especial usada para garantir a preservação das pedras do Kotel.
Com mais de 2.000 anos de idade, o Muro das Lamentações e suas pedras são submetidos à periódicas análises realizadas pela Autoridade de Antiguidades de Israel. Estas, acontecem para garantir não apenas a preservação deste local sagrado, como para garantir a segurança dos fiéis e peregrinos que o visitam.
Após a última destas análises, constatou-se que o processo natural de erosão danificou algumas das milenares pedras do Muro das Lamentações e que estas precisavam ser restauradas. Assim, optou-se por utilizar uma solução feita a partir de pedras semelhantes às do Kotel para “curar” o Muro das Lamentações.
Ao ser injetada cirurgicamente em fendas e fissuras, esta solução endurece quase instantaneamente e garante a integridade das pedras. Assim, impede-se erosão e que rochas caiam sobre os fiéis.
“Esta é a melhor maneira de “curar” o Muro das Lamentações e proteger as pedras mais importantes do mundo das ações do tempo e clima”, explicou Yossi Vaknin, Diretor de Conservação da Autoridade de Antiguidades de Israel.
Yossi revelou ainda que cada uma das pedras do Muro das Lamentações tem uma “carteira de identidade”, o que permite o frequente monitoramento de cada uma delas.
Muitos pássaros fazem ninhos no Muro das Lamentações e por isso, muitas plantas criaram raízes em suas fendas. Nosso trabalho de conservação consiste em reconhecer a importância dessa flora e fauna, preservar este ecossistema e ao mesmo tempo, garantir a estabilidade das pedras, para que o Muro das Lamentações permaneça firme e forte por pelo menos mais 2.000 anos”, disse ele.
O desafio de preservar as pedras do Muro das Lamentações não começou agora. A cada seis meses, antes de Pessach (Páscoa Judaica) e Rosh Hashaná (Ano Novo judaico), engenheiros especializados inspecionam cuidadosamente todas as pedras do Kotel. É neste período também, que as fendas são limpas e os milhões de papeizinhos contendo pedidos e orações de pessoas do mundo inteiro são retirados e levadas para um local especial no Monte das Oliveiras.
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